UFMG EDUCATIVA: entrevista brinquedos e brincadeiras e formação da criança
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MUSICAS E APOSTILA DA OFICINA BRINCANTE
domingo, 30 de maio de 2010
Avaliação na Educação Infantil: um encontro com Francesco Tonucci
Como anda a avaliação na educação Infantil?
Neste final de semana estive na cidade de João Pinheiro, Minas Gerais, conversando com as professoras de Educação Infantil do município. É um dos maiores municipios do estado. Algumas professoras percorreram mais de 100 quilômetros para participar da capacitação. O tema discutido foi Avaliação.
Percebemos que na Educação Infantil ainda permanecem velhos estereótipos e preconceitos herdados do Ensino Fundamental que relacionam a Avaliação com exame, mensuração, qualificações, comparações, classificações e exclusões.
Apesar disso, ainda sim destacamos a importância de avaliar. Ela nos leva a auto-critica. Ela nos força a rever nossas idéias e nossas práticas e a tomar consciência dos pontos fortes e fracos de nossa atuação como professores.
Talvez estejamos tratando aqui de dois paradigmas sobre o conhecimento que atravessam a discussão sobre avaliação e até o momento não tenhamos nos dado conta. De um lado o paradigma de ciencia que valoriza a técnica, a eficiência, a lógica, os números, a mensuração. De outro temos um outro modelo, mais fenomenológico, que valoriza a experiencia do sujeito, o cotidiano, aspectos como intersubjetividade, o conhecimento que se produz através das interações entre os individuos. De um lado a avaliação clasificatória e excludente, de outro a mediadora e formativa. Por que é tão difícil para os profissionais da Educação Infantil tratar a avaliação numa perpectiva mais formativa? Haveria como superar esta dicotomia?
Uma das principais criticas feitas a avaliação nas escolas infantis se volta para seu uso como exercicio do controle sobre o comportamento infantil, diante dum modelo ideal de criança.
“a partir de uma visão moralista e disciplinadora, as crianças são julgadas a partir de um modelo ideal de criança obediente, atenta, organizada, caridosa, “querida”, surgindo as comparações e classificações das atitudes evidenciadas por elas” (Jussara Hoffmann, 1996).
Essa afirmação fez com que nos lembrássemos dos desenhos criticos e ireverentes de Francesco Tonnucci(alguns eu apresento aqui!) sobre como nossa sociedade cuida das crianças,principalmente na Escola. Eles se encontram no livro "com os olhos de criança". Para ele o titulo mais sugestivo deste texto seria "Avaliando a Educação Infantil, como cuidamos da infância vivida por nossas crianças?" Suas charges tratam das angústias vividas pelas crianças na escola: o não reconhecimento das experiencias e das vozes infantis, os longos períodos de espera, dos corpos imóveis, das tarefas mimeografadas. A avaliação também está presente nos exames, na comparação exercida pela professora ao avaliar seus alunos, a presença da nota... um olhar bastante foucaultiano sobre o papel da escola como controladora de corpos e mentes, do adultocentrismo, de uma socialização marcada pela poder do adulto sobre a criança, da produção de indivíduos dóceis e obedientes. Mesmo assim não podemos dizer que Tonucci seja um pessimista. Ele enxerga lampejos de esperança numa infancia melhor. A capa do seu livro dá mostra desta sua expectativa.
Em nossa conversa lá em João Pinheiro, fizemos a proposta de uma avaliação mais formativa, uma avaliação mais próxima do cotidiano e das experiências vividas pelas crianças na Educação Infantil; uma avaliação que se volta para a construção da autonomia da criança, que conta com a participação das próprias crianças em seus percursos de aprendizagem. E é pra isso que a avaliação deveria servir: para acompanhar e compreender os processos de aprendizagem das crianças por nós e por elas mesmas; para conhecer o que cada um dos meus alunos já aprendeu, e assim poder reorganizar as atividades, e para que ele aprenda o que ainda não aprendeu. Avaliar suas dificuldades e também suas conquistas. Pra isso o uso de fotos, entrevistas, registros de observação, portfólios, são as nossas principais ferramentas.
PARA SABER MAIS:
HOFFMANN, Jussara. Um olhar sensível e reflexivo sobre a criança. editora Mediação, 1996.
VILLAS BOAS, Benigna M.F. Portfólio, avaliação e trabalho Pedagógico. Papirus Editora, 2004.
SHORES, Elizabeth; GRACE, Cathy. Manual de Portfólio: um guia passo a passo para o professor. Editora Artmed. 2001.
TONUCCI, Francesco. Com os Olhos de Criança. Artmed.
um abraço,
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